SINOPSE

Bil Uil, dezesseis anos depois, retorna a Tylide para vingar a morte dos pais. Locado no estábulo do amigo Dam, este, uma vez ciente da intenção, procura com palavras de advertência desencorajá-lo do intuito: vingança gerava vingança. O mal associava e procriava. Despreza e parte para cumprir a missão na qual resulta o desencadeamento das proféticas palavras do amigo.


O RETORNO 

          Trajava roupas pretas, e, pendente na cintura, um calibre 76, fabricado especialmente para ele. Ocultado no estábulo do amigo e ferreiro, Dam, distraindo−se com o fino chapéu de feltro, descarregava projetos e amarguras. 
       −Entende, Dam?
          −Procuro entender, Uil.
          –Foram dezesseis anos traçando cada momento desse dia. Imaginei que esse momento nunca pudesse chegar.
         Dam, vestido surrado, avental de couro, estava contente em revê−lo, fundia novas ferraduras. Já havia, com jeito, tentado plantar flor naquele machucado jardim, porém como parecia ideia fixa… Olhou para o amigo envolvido em sombrios pensamentos e perguntou:
          −Quantas milhas percorreram, Uil?
          −… Uma milha e pouco, Dam, mas houve paradas para descanso.
          −Belo animal! Deve ter custado uma nota.
          −Tudo continua como antes, não é, Dam? – insistiu.
          −Tudo como antes, Uil. Quem foi contínua sendo, só que mais velho.
          −Ajuizados?
          −Se não são, é porque não querem.
          −Fui covarde, Dam?
          −Por favor, Uil. Você só tinha nove anos de idade.
          −Ainda os escuto implorando para não serem massacrados. A vaca da Manarry, com piadinhas, gargalhava. O porco do Dylan se contorcia de riso. Poderia olhar através da fresta, mas tremia de medo e suava tapando os ouvidos.
          −Pavor imobiliza, Uil, não é covardia.
          −Sinto−me um covarde, Dam, já sabia atirar e sabia onde os rifles se encontravam.
          Dam, para amenizar o tormento, perguntou onde ele se encontrava.
          −… – escondido numa peça da sala onde a barbárie acontecia.
          −Como você poderia sair e se apoderar de uma arma, Uil?
          −…
          −A meu ver o seu involuntário comportamento abrandou corações, mesmo enfrentando o insuportável. Porque sabiam que você estava em segurança. Portanto, aposto que as boas almas, Clinton e Barbra, estão felizes onde se encontram. Afinal você carrega na cintura status de um homem bem sucedido.
          Bil Uil comentou que fora uma encomenda remanchada e massacrada durante dois intermináveis longos anos. Mas o resultado foi gratificante, haviam produzido um canhão portátil.
          −Um canhão, Dam. Você precisa conhecer o poder de fogo.
          Dam operou o fole e, puxando a isca que tinha lançado mais enfático, disse que estava lendo a bíblia. Vingança não era boa coisa, só gerava vingança.
          −Eu sei, Dam. Juro que sei. Mas só assim para poder acabar com a sinfonia que atormenta os meus dias. Mas o meu tormento, Dam, assemelha-se a de um sentenciado à morte, aguardando, porém, por uma sentença às avessas.
          −Por favor, Uil.
          −É a verdade, Dam…
          Dam disse que a amiguinha dele, de infância, Estefânia, havia se transformado numa bela jovem: cabelos loiros e longos. Sorriso cativante. Vez por outra o visitava e, tímida, perguntava: tem notícias de Bil? Sentia dó de não poder nada dizer−lhe. Sentia dó de não poder acalentar aquele coração angustiado. Lecionava. “Sabendo de notícias me avise, senhor Dam.” “Com o maior prazer senhorita!” Assim respondendo, partia triste e cabisbaixa com livros no peito... 
           −Visite−a com um buquê de flores. Flores do campo, Uil. São belas. Aposto que se sentirá feliz e você feliz também ficará. A felicidade maior é ver alguém feliz. Resulta num ato de afeto mútuo e recíproco.
          −…
          −O amor constrói, Uil. A cegueira destrói. Um mal que deve ser combatido, eliminado, desprezado e esquecido. Porque, por razões, não desconhecidas, associa e procria. Uma semente desprendida que não trataram de exterminar.
          Bil Uil, que não desprezava uma única palavra do amigo, ficou observando o companheiro. Havia longas histórias sobre a vida daquele estrangeiro… Confessou que, quando garoto, antes de se entrosarem, queria distância dele. Ouvia dizer que era desertor de guerra.
          −Os seus pais diziam isso, Uil?
          −Não, Dam. Os meus pais apenas citavam uma ‘resmunga’ sua da qual não me recordo.
          Dam sorriu e, reflexivo, repetiu:
          −Guerra, senhor Clinton e senhora Barbra, deveria ser igual a espetáculo circense. Só participa quem compra bilhete.
          −… Era isso, Dam… Era isso…
          Trotes alucinados, poeira em suspensão e flechas velozes passando no rastro do fugitivo. Dam, após acompanhar a cena imóvel, balançou a cabeça e comentou:
          −O aloprado do Roy passa o dia inteiro provocando os Carambolas… – antiga, pacífica e numerosa tribo indígena que habitava as montanhas em volta da pequena cidade.
          −… Roy... – balbuciou Bil Uil meditando.
          −São praticamente da mesma idade não é, Uil?
          −Somos praticamente da mesma idade, Dam.
          −Recordo-me que, quando garotos, brincavam de bang−bang.
          −Mas brigávamos, Dam. O papel do mocinho era sempre dele.
          −Do mocinho perturbado?
          Bil Uil sorriu.
          −… Do mocinho perturbado, Dam.Procuro entender, Uil.
          –Foram dezesseis anos traçando cada momento desse dia. Imaginei que esse momento nunca pudesse chegar.
         Dam, vestido surrado, avental de couro, estava contente em revê−lo, fundia novas ferraduras. Já havia, com jeito, tentado plantar flor naquele machucado jardim, porém como parecia ideia fixa… Olhou para o amigo envolvido em sombrios pensamentos e perguntou:
          −Quantas milhas percorreram, Uil?
          −… Uma milha e pouco, Dam, mas houve paradas para descanso.
          −Belo animal! Deve ter custado uma nota.
          −Tudo continua como antes, não é, Dam? – insistiu.
          −Tudo como antes, Uil. Quem foi contínua sendo, só que mais velho.
          −Ajuizados?
          −Se não são, é porque não querem.
          −Fui covarde, Dam?
          −Por favor, Uil. Você só tinha nove anos de idade.
          −Ainda os escuto implorando para não serem massacrados. A vaca da Manarry, com piadinhas, gargalhava. O porco do Dylan se contorcia de riso. Poderia olhar através da fresta, mas tremia de medo e suava tapando os ouvidos.
          −Pavor imobiliza, Uil, não é covardia.
          −Sinto−me um covarde, Dam, já sabia atirar e sabia onde os rifles se encontravam.
          Dam, para amenizar o tormento, perguntou onde ele se encontrava.
          −… – escondido numa peça da sala onde a barbárie acontecia.
          −Como você poderia sair e se apoderar de uma arma, Uil?
          −…
          −A meu ver o seu involuntário comportamento abrandou corações, mesmo enfrentando o insuportável. Porque sabiam que você estava em segurança. Portanto, aposto que as boas almas, Clinton e Barbra, estão felizes onde se encontram. Afinal você carrega na cintura status de um homem bem sucedido.
          Bil Uil comentou que fora uma encomenda remanchada e massacrada durante dois intermináveis longos anos. Mas o resultado foi gratificante, haviam produzido um canhão portátil.
          −Um canhão, Dam. Você precisa conhecer o poder de fogo.
          Dam operou o fole e, puxando a isca que tinha lançado mais enfático, disse que estava lendo a bíblia. Vingança não era boa coisa, só gerava vingança.
          −Eu sei, Dam. Juro que sei. Mas só assim para poder acabar com a sinfonia que atormenta os meus dias. Mas o meu tormento, Dam, assemelha-se a de um sentenciado à morte, aguardando, porém, por uma sentença às avessas.
          −Por favor, Uil.
          −É a verdade, Dam…
          Dam disse que a amiguinha dele, de infância, Estefânia, havia se transformado numa bela jovem: cabelos loiros e longos. Sorriso cativante. Vez por outra o visitava e, tímida, perguntava: tem notícias de Bil? Sentia dó de não poder nada dizer−lhe. Sentia dó de não poder acalentar aquele coração angustiado. Lecionava. “Sabendo de notícias me avise, senhor Dam.” “Com o maior prazer senhorita!” Assim respondendo, partia triste e cabisbaixa com livros no peito... 
           −Visite−a com um buquê de flores. Flores do campo, Uil. São belas. Aposto que se sentirá feliz e você feliz também ficará. A felicidade maior é ver alguém feliz. Resulta num ato de afeto mútuo e recíproco.
          −…
          −O amor constrói, Uil. A cegueira destrói. Um mal que deve ser combatido, eliminado, desprezado e esquecido. Porque, por razões, não desconhecidas, associa e procria. Uma semente desprendida que não trataram de exterminar.
          Bil Uil, que não desprezava uma única palavra do amigo, ficou observando o companheiro. Havia longas histórias sobre a vida daquele estrangeiro… Confessou que, quando garoto, antes de se entrosarem, queria distância dele. Ouvia dizer que era desertor de guerra.
          −Os seus pais diziam isso, Uil?
          −Não, Dam. Os meus pais apenas citavam uma ‘resmunga’ sua da qual não me recordo.
          Dam sorriu e, reflexivo, repetiu:
          −Guerra, senhor Clinton e senhora Barbra, deveria ser igual a espetáculo circense. Só participa quem compra bilhete.
          −… Era isso, Dam… Era isso…
          Trotes alucinados, poeira em suspensão e flechas velozes passando no rastro do fugitivo. Dam, após acompanhar a cena imóvel, balançou a cabeça e comentou:
          −O aloprado do Roy passa o dia inteiro provocando os Carambolas… – antiga, pacífica e numerosa tribo indígena que habitava as montanhas em volta da pequena cidade.
          −… Roy... – balbuciou Bil Uil meditando.
          −São praticamente da mesma idade não é, Uil?
          −Somos praticamente da mesma idade, Dam.
          −Recordo-me que, quando garotos, brincavam de bang−bang.
          −Mas brigávamos, Dam. O papel do mocinho era sempre dele.
          −Do mocinho perturbado?
          Bil Uil sorriu.
          −… Do mocinho perturbado, Dam.

CAPÍTULO - II
PREPARANDO-SE PARA SEGUIR 

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